A observação de aves, ou aviturismo, tem se destacado como um nicho crescente dentro do ecoturismo global. Além de conectar pessoas à natureza, a prática desempenha um papel fundamental na conservação ambiental e no desenvolvimento econômico de comunidades locais. Um estudo recente, publicado na Revista Brasileira de Ecoturismo por Reynier de Souza Omena Junior, Susy Rodrigues Simonetti e Mario Cohn-Haft, aprofunda-se no perfil de avituristas brasileiros e estrangeiros, revelando diferenças e similaridades entre os dois grupos e destacando as oportunidades e desafios do setor. O estudo contou com a participação de 333 avituristas (139 brasileiros e 182 estrangeiros) e 12 guias, trazendo uma perspectiva ampla e fundamentada sobre o tema.
Por que Observar Aves?
A motivação para a observação de aves varia de acordo com o perfil dos turistas. Os brasileiros, muitas vezes, enxergam a prática como uma experiência coletiva, um momento para compartilhar com amigos e familiares. Por outro lado, os estrangeiros tendem a valorizar a autonomia na identificação de espécies, tratando a atividade como uma oportunidade para aprofundar conhecimentos técnicos e se conectar de forma mais direta com a natureza.
Alguns dos principais atrativos incluem:
- Diversidade de Espécies: A possibilidade de avistar aves raras, endêmicas e ameaçadas é um dos maiores motivadores.
- Ciência Cidadã: Muitos turistas veem a observação de aves como uma forma de contribuir com a conservação e o monitoramento da biodiversidade.
- Conexão com a Natureza: A experiência de estar ao ar livre, em cenários exuberantes, é frequentemente citada como um dos aspectos mais gratificantes da atividade.
Guias: Qual o papel deles na experiência
Um dos pontos centrais do estudo é o papel dos guias na observação de aves. Ambos os grupos de turistas concordam que um guia qualificado enriquece significativamente a experiência, mas as expectativas diferem:
- Brasileiros: Valorizam empatia, flexibilidade e paixão pelas aves. Para eles, um guia que demonstra entusiasmo e conexão emocional com a atividade faz toda a diferença.
- Estrangeiros: Priorizam habilidades técnicas, como a capacidade de identificar espécies visualmente semelhantes e reconhecer vocalizações. Além disso, esperam fluência em inglês e condutas éticas, como o uso moderado de playback (técnica de reproduzir sons de aves para atraí-las).
Ambos os grupos destacam a importância de os guias apoiarem a economia local, utilizando serviços e acomodações geridos por comunidades nas regiões visitadas. O treinamento contínuo e o credenciamento de guias também são pontos essenciais para garantir padrões elevados no atendimento.
Impactos Econômicos do segmento na cadeia econômica do turismo
O aviturismo tem um impacto significativo na economia local, gerando renda para comunidades rurais e promovendo a conservação ambiental. Dados apresentados no estudo indicam que, no Brasil, a atividade pode movimentar entre R$ 4,5 bilhões e R$ 7,67 bilhões anualmente. Este valor reflete gastos com viagens, equipamentos, hospedagem, alimentação e serviços especializados.
No entanto, o estudo também alerta para desafios como:
- Inclusão Social: Tornar a prática mais acessível a indivíduos de rendas inferiores.
- Diversidade de Gênero: Atrair mais mulheres para a atividade, hoje dominada por homens.
- Regulamentação de Práticas: Monitorar o uso de flash fotográfico e playback para evitar impactos negativos na fauna.
Perfil dos Avituristas Brasileiros e Estrangeiros
O estudo traçou um perfil detalhado dos participantes, com base em idade, renda, formação educacional e experiência:
- Brasileiros:
- Faixa etária predominante: 36 a 60 anos.
- Classe média alta, com rendas variando entre R$ 5.001 e R$ 10.000.
- Alta escolaridade, com muitos graduados e alguns com pós-graduação.
- Preferência por viagens curtas (2 a 3 dias), frequentemente realizadas em grupo.
- Estrangeiros:
- Faixa etária predominante: acima de 60 anos.
- Incluem aposentados e profissionais em busca de experiências culturais e naturais.
- Gastos elevados, refletindo a disposição para investir em experiências únicas.
- Maior interesse em estadias longas e autônomas.
O Futuro do Aviturismo no Brasil
Com sua biodiversidade incomparável e ecossistemas únicos, o Brasil tem o potencial de se tornar um dos maiores destinos globais de aviturismo. Para isso, é fundamental investir em:
- Marketing especializado para atrair tanto iniciantes quanto avituristas experientes.
- Infraestrutura local, garantindo segurança, acessibilidade e conforto.
- Educação e capacitação, formando guias que aliam conhecimento técnico e empatia.
O aviturismo não é apenas uma oportunidade econômica, mas também uma ferramenta poderosa de educação ambiental e conservação. Por meio dessa atividade, é possível conectar pessoas de todo o mundo às riquezas naturais do Brasil, promovendo uma relação de respeito e cuidado com o meio ambiente.
o Brasil é reconhecido como um dos destinos mais desejados para observadores estrangeiros, são 1.971 espécies de aves, sendo que destas, 293 só podem ser registradas em nosso país!
Vamos juntos desenvolver o turismo de observação em sua região ou destino?